Histórias Confessas


Talvez você esteja em casa, assistindo alguma série sobre psicopatas na netflix, sentindo-se tão só quanto eu me sinto. Talvez, você esteja em uma festa, sorrindo e esquecendo-se por um momento do vazio em seu peito que, em algumas noites solitárias, parece ter um peso esmagador. Talvez, você esteja estudando para uma prova de matemática, fazendo panquecas, ouvindo alguma banda dos anos 90, pesquisando sobre a extinção dos tigres dente de sabre. Talvez, talvez, talvez. Talvez você exista, talvez nos esbarremos por aí, talvez encontremos um no outro a peça que falta em nosso quebra cabeça defeituoso. Ou talvez você seja apenas fruto da esperança de uma garota estranha, que por motivos também estranhos não seja tão boa com relacionamentos. Esse é o problema não é? O talvez. A inebriante falta de certeza que nos cerca e nos deixa assim. Desnorteados, apegando-se à esperança fútil de um amor inventado.

Mas, meu querido talvez, eu não sou capaz de abandonar-te. Não sou capaz de encarar a realidade completamente e perceber o quão patética sou por ansiar por alguém como ti. Você é meu porto seguro nas piores noites, com quem eu sonho quando a vida se transforma em um pesadelo, minha doce ilusão. Não tem nome, endereço e não se parece com ninguém. Um sopro de esperança que não me permite abandonar minha fé no amor. Isso é você. Um amor inexistente, incoerente e impossível, mas que não me deixa desistir completamente.

Talvez você esteja em mim, seja a parte da minha personalidade que, por mais dura que seja a queda, por mais infeccionado que esteja o ferimento, quer ficar e lutar por dias melhores. Talvez, algo dentro de mim esteja quebrado, e você seja o pedaço que falta para consertar tudo. A minha super cola. O que sei é que pensar que há alguém, em algum lugar, que se sinta tão deslocado quanto eu me sinto, não me deixa entrar em colapso. Pra mim, você é uma ideia boa. Um personagem de uma história ainda não contada. Um bote salva vidas em que posso me agarrar a hora que quiser, sem o risco de estragar tudo. Talvez você não exista, talvez eu seja louca por imaginar-te, mas sem isso, sem essa pequena e louca parcela de esperança, eu jamais poderia escrever sobre o amor.
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E quem nunca disse "eu te amo", quando o que realmente sentia não passava de um "eu te gosto"? O amor tem se tornado algo tão banal quanto dizer bom dia. Todos dizem, para todas as ocasiões e se esquecendo do real significado da expressão. Embora não seja mais de conhecimento público, amar não é o mesmo que estar apaixonado. Paixão é aquele sentimento forte, avassalador e momentâneo que experimentamos incontáveis vezes durante a vida. Amor é calmo, chega de mansinho e nos captura, muda nosso modo de ver a vida e nos prende para sempre. Poucos são os sortudos que realmente são inundados pelo amor nesta sociedade cada vez mais fria e banal.

Basta abrirmos qualquer rede social, para sermos expostos a juras de amor eterno que não duram mais que algumas semanas, e que são esquecidas assim que outro "príncipe encantado" surge nas esquinas da vida. Casamentos são desfeitos, relacionamentos esquecidos e lágrimas arquivadas. Amores reais são jogados de lado por meras aventuras momentâneas, e todos parecem se esquecer dos sonhos construídos em conjundo, dos juramentos sob a luz das estrelas, das borboletas no estômago e da paz que se alcança ao ter quem amamos ao nosso lado. Ninguém mais preserva a integridade do amor. Dizemos eu te amo para o namorado, para o rolo de fim de semana, o bonitinho da academia, o padeiro que faz aqueles bolinhos deliciosos da padaria da esquina. Dizemos tanto, que esquecemos de realmente amar.

Quantas amigas já não vieram até mim após terminar um relacionamento de anos, meses ou até dias, com a mesma ladainha de "ele era o homem da minha vida"? Quantas não reclamaram que, mesmo gritando aos sete ventos o amor que sentiam, deixaram a chama do amor -que nesse caso se chama paixão- se apagar? Quantas vezes não ouvi o discurso de que, embora diga para minha amiga que a ama incondicionalmente, o tal fulaninho da vez não prova seu "amor" com reais atitudes? E minha resposta é sempre a mesma. Entre potes e potes de sorvete, choros intermináveis e algumas raras risadas, provo por A mais B o que já era óbvio. Você nunca amou esse cara. Então, aceite que acabou a paixão, e parta para outra. Entenda que amor não dá em árvore, e que não é qualquer carinha com olhos brilhantes e sorriso sedutor que vai conquistar, não suas palavras, mas seu sentimento.

Dizer que ama é fácil. Difícil mesmo é conviver com alguém nos piores dias, lidar com dramas que não te pertencem e ainda assim querer ficar junto.
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Aspirante a escritora, apaixonada por livros e sonhadora profissional.

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