Histórias Confessas


Eu já fui só mais uma boba apaixonada, esquecendo-me de mim ao pensar em um alguém que não se importava com minha felicidade. Já condicionei meus sorrisos aos sorrisos de um par de olhos castanhos chocolate. Já deixei meus sonhos de lado para ajudar a construir os de um cara que pensei ser minha alma gêmea. Já amei por dois, vivi por dois, desejei por dois. Já quis mudar meu ser para me sentir amada. Já mudei de cor de cabelo, estilo de roupa, gosto musical. Tudo isso para que um garoto com o sorriso brilhante gostasse de mim. Já fiz muita bobeira nessa vida. Já escolhi a felicidade de quem pensei amar antes da minha. Mas agora, declaro estado total de mudança. A partir de hoje, eu escolho a mim.

Vou sonhar o mais alto possível e lutar para realizar tudo o que quiser. Vou rir de mim mesma, amar quem sou e viver uma vida que valha a pena. Vou ser louca, boba, desastrada. Vou ser tudo o que sou, sem tirar nem por. Vou me permitir admirar o azul do céu, o colorido das borboletas do jardim do bairro, o calor do sol em minha pele. Vou dançar na chuva sem me preocupar com a chapinha. Vou comprar o maior sanduíche, sem medo de pensarem que não sou uma dama. Não sou. Na verdade nunca fui. Vou cortar o cabelo como eu gosto, passar meu melhor batom vermelho, colocar meu vestido favorito e sair para me divertir. Tenho amigos que me amam por quem sou, então por que precisaria que alguém me amasse por quem finjo ser?

Vou comprar lápis de cor e entrar em um curso de desenho. Vou aprender a falar francês, italiano e talvez até alemão. Vou planejar mil viagens sem saber se um dia vou conseguir fazê-las. Vou treinar escalada, comprar uma bicicleta e correr uma maratona. Vou perder o nojo e finalmente experimentar sushi. Vou trabalhar como voluntária, adotar um gatinho e conversar com estranhos na rua. Vou entrar em um ônibus sem saber pra onde ele vai, me perder e me encontrar. Vou mirar na lua, quem sabe eu não acerto uma estrela?

Tenho tantos sonhos empoeirados dentro do armário, privados da superfície, que me assusta pensar em porque os coloquei lá. Chego a ter uma leve vergonha de perceber que até hoje deixei minha vida ser moldada por pessoas que não se preocupavam verdadeiramente comigo. Por anos fui nada mais que uma bonequinha. Deixei que brincassem comigo. Que me vestissem, que dissessem do que deveria gostar ou o que deveria dizer. Me dizerem quem deveria ser. Mas um dia eu acordei e percebi como estava sendo estúpida. Eu vou viver. Sem medo de ser feliz. E pra quem não gostar, bem, Que se dane!


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Já quis sumir, desaparecer, me desfazer,
Mas nunca quis deixar de ser eu.

Já fui calma, límpida, permissível,
Já fui mais amor do que devia ser.
Já vivi um dia de cada vez,
e contei os segundos para alvorecer;

Já fui 8 ou 80,
Ódio ou amor,
Ou esfria ou esquenta;

Já fui bailarina, veterinária e detetive.
Já sonhei em vencer dragões, salvar reinos e beijar príncipes encantados.
Já quis muito, e depois já não queria mais.
Já sorri, chorei e vivi.

Hoje, ando sendo eu
Um eu que gosto bastante de ser.

Que é água, terra e magma fervente,
Com sol, lua e pó de uma estrela distante
Feita de constelações dentro de um olhar simplório.

Posso ser leve garoa que se transforma em furacão,
Impossível de se conter ou adorável de se ver
Sou altos, baixos, sim e não.
Continuidade regada a mudanças.

Sou passarinho preso,
Que sonha em voar.
Sou desejo de liberdade,
Que se traduz em linhas borradas.

Sou neta preocupada, filha querida, irmã cuidadosa.
Sou melhor amiga, confidente e conselheira.
Sou Anna, Clarinha, Anninha, Cacala ...
Sou vida que quer ser vivida.

Sou positividade escrita,
Apaixonada por dias cinzentos e chuvas de verão
Contadora de histórias que sonha em mudar o mundo
um tiquinho de cada vez.

E amanhã?
Ai posso ser outro ser
Tudo o que quero, é poder me orgulhar de bater no peito e dizer
Que nunca deixaria de ser
Eu.






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Olho para o espelho e vejo a garota frágil, com os olhos inchados e a expressão cansada de quem não consegue ver a luz na escuridão que a vida tomou. Sofro quando percebo que toda a esperança, os sonhos, a vontade, ao luz que antes brilhava no fundo dos meus olhos se foram, deixando para traz apenas o fantasma de uma vida a muito levada. Você me abriu, me desmontou e esqueceu-se de arrumar os pedaços. E hoje, eu tenho nojo da pessoa em que você me transformou.

Um dia eu fui feliz. Eu amei quem era, amei meu corpo, amei minha realidade. Um dia eu tinha todas as escolhas na palma de minha mão, e podia me orgulhar de fazê-las. Um dia eu fui a dona de minhas decisões, meu não significava não e meu sim significava sim. Um dia eu fui respeitada, amada e cuidada. Não havia quem diminuísse minhas palavras, que arruinasse meu ser. Um dia, eu não tinha vergonha de olhar para o passado. Não me culpava por não ter gritado alto o suficiente, por não ter lutado mais bravamente. Um dia eu ainda era uma criança inocente, esperando o amor me bater à porta. E me achava digna de tal sentimento.

Então você veio. Ignorou meus olhos e olhou para meu corpo. Fez pouco de minha inteligência e me mostrou como estava errada de todas as formas. O grande amor que eu tanto esperava não significava absolutamente nada para você. Minha ingenuidade te trouxe o mais negro dos desejos, e tomado por ele você quis ser quem acabaria com a inocência que brilhava em meu eu. Aos poucos, você foi abalando minhas certezas, me fazendo duvidar do que sentia, do que escolhia. Exagerada, louca, burra, feia. Jogou minha autoestima para os cães e eu acreditei que tudo o que você fazia era mais do que merecido. Até o dia em que você tentou me fazer duvidar da veracidade do meu não. Quando me roubou as escolhas, tapou os ouvidos para minhas negativas e se fez de desentendido para minhas súplicas. Destruiu-me em pouco tempo, e nada sobrou da princesa que antes era motivo de orgulho.

E eu fui obrigada a me reconstruir. Sob uma dura camada de culpa eu juntei os cacos espalhados pelo concreto. E você, quando viu que a inocência havia se perdido em meu olhar, se foi. Sem nem ao menos se despedir. Em seu lugar, apenas a dor e culpa me fizeram companhia. Devia ter sido mais dura em meu não. Devia ter gritado mais, esperneado mais, lutado mais. Devia ter feito alguma coisa. Eu devia ser menos fácil. Afinal, mesmo negando, era o que eu realmente queria, você disse.

Agora, sobrou o nojo. De quem sou. Do que deixei acontecer. Da sujeira que me atormenta. De mim. De você. Do passado. Sobrou também o medo. De que aconteça de novo. De que eu nunca seja capaz de me perdoar. De que alguém descubra. Do que dirão de mim. Da decepção, do ódio, dos dedos apontados. Para mim, a vida se divide em antes, e depois de você.

Hoje você está com uma nova garota. Uma nova coitada que você diz amar. Você vai contar a ela o que fez comigo? Ou vai esconder-se acreditando que o que fez não passa de coisa de adolescente? Mas pra mim, não foi uma brincadeira boba. Pra mim, destruiu o futuro brilhante que sonhei. Me encheu de medos, traumas, dores psíquicas. Pra mim, foi o fim da história.

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Oiê!! Vim apresentar um projeto lindo para vocês. A Iasmim, do blog Ela só quer viajar, me convidou para o Projeto/Desafio Literário 16 on 16. O Desafio consiste em todo dia 16, de todos os meses, todas as 16 moças postarem algo com o mesmo tema. Vale foto, texto, música, poema, desenhos... Tudo! O objetivo é encher essa internet de conteúdos bons, para podermos passar o tempo com um pouco de cultura, e apresentar blogs e pessoas novas. Eu já conheço as meninas, e juro que todas são super fofas e talentosas!
O primeiro post vai ao ar dia 16 de janeiro, não percam!
Você pode conhecer o cantinho das meninas nos links abaixo:
1. Alice Gonçalves | Míopes Anônimos  ;  2. Ana Carolina | Um livro e nada mais  ;  3. Catarina Gomes | Cenas Duma Rapariga Complicada  ;  4. Deby Couto | Simples Gestos  ;  5. Eva Evangelista | Eva Evangelista  ; 6. Graziela | Dieta e Cultura  ;  7. Iasmim Santos | Ela só quer viajar  ;  8. Ingrid Valéria | Ela sabe das coisas  ;  9. Isa Roth | Mais Uma Normal  ;  8. Jayne Adrielle | Arquivada  ;  10. Júlia Danigno | Brisa Literária  ;  11. Júlia Rios | Mente Literária  ;  12. Luísa Fernanda | Estante da Lulu  ;  13. Michelle Moura | Michelle Moura  ;   14. Stephanie Almeida | Doce Conceito  ;  15. Vitória Bruscato | Cheiro de Pipoca

Um grande beijo, e até o próximo post!

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Há algum tempo, eu não queria imaginar minha vida sem nossas brigas. Se ser infeliz era o preço a pagar por estar ao seu lado eu pagaria com tudo o que tinha. Seriamos infelizes juntos, mergulhados em uma falsa felicidade por continuarmos tentando. Daria certo por anos, e por muito tempo eu me apeguei à esperança de que, um dia, nossa infeliz relação se tornaria a mais feliz de todas. Apenas por termos tentado. Afinal, eu te amo não é?

O problema é que eu me amo ainda mais. Então eu fui embora. Abandonei aquele nós defeituoso e investi em um eu que por muito tempo ficou em segundo plano. E poxa, eu me senti tão melhor! Segui em frente e voei para longe de tudo o que me prendia a você. Fiz as pazes com o que via no espelho, sorri para estranhos na rua, conheci coisas novas. Vivi. Sem você.

Então, por que me sinto tão estranha ao saber que você fez o mesmo? Que achou um outro alguém? Não me entenda mal, eu não quero você de volta nem em um milhão de anos. Gosto de ser feliz mais do que gosto de você. Mas assumo que meu coração ficou um pouquinho apertado quando vi como sua nova garota é bonita, e como vocês parecem felizes juntos. Pela primeira vez desde que me fui, senti sua falta. Não de estar ao seu lado, mas de ser sua amiga. De conversar sobre futilidades, de sentir o seu olhar sobre mim, de segurar sua mão nas aulas. Do que fomos um dia. Da sua amizade, dos seus conselhos ruins, das suas brincadeiras bobas. Senti falta do melhor de você. Por que, por mais que as coisas tenham desandado muito como tempo, houve um tempo em que eu era feliz com você. Pena que durou tão pouco.

Então, como amiga eu venho lhe pedir, cuide melhor dela do que cuidou de mim. Não seja o idiota infantil que foi comigo. Não cometa os erros que cometeu no passado. Seja feliz. Você merece e sabe disso. E eu, fico feliz por você. 

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Aspirante a escritora, apaixonada por livros e sonhadora profissional.

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