Histórias Confessas



Inspiração do texto : Survivor – Clarisse Falcão
Pare de dizer que sente minha falta, de escrever para mim ou tentar concertar o que tínhamos. Pare de mentir para mim, achar que sinto sua falta ou que quero te ver. Pare de achar que sua ausência me dói, que choro por nosso relacionamento acabado ou que simplesmente penso em você. Pare de achar que não consigo ser melhor sozinha do que era quando estava ao seu lado, sendo sufocada por sua personalidade espaçosa. Apenas pare, já está se tornado patético.

Aceite que eu estou bem melhor agora, sem você. Que estou feliz, realizada e radiante. Que tenho orgulho de minhas escolhas e de minhas conquistas. Você pensou que eu ficaria fraca sem você? Pois hoje estou mais forte. Imaginou que iria me afundar em lágrimas por te ver partir? Que me destruiria por você ou seria corrompida pela saudade do seu ser? Que gritaria para o mundo todas as partes podres em sua personalidade? Meu querido, eu sou melhor do que isso.

Assumo que senti sua falta por um ou dois meses. Você, mesmo sendo um idiota, era importante para mim. Por um tempo fui a garotinha de coração partido que você imaginou que eu seria. Chorei, sofri, pensei no que teria dado errado. Até me culpei por nosso tão repentino término. Mas um dia acordei, sacudi a poeira e me levantei do chão. Percebi a pessoa incrível que sou e aprendi a amar todos os meus lados. Fui mais longe do que imaginei que chegaria. Parei de me subestimar. Cresci de um modo que nem eu mesma imaginava ser possível, e me tornei a sobrevivente de quem tenho tanto orgulho.

E hoje posso dizer que desde que você se foi minha vida está muito melhor. Realizei sonhos que há muito tempo tinha desistido de sonhar, cortei o cabelo do jeito que sempre quis, parei de roer as unhas e até doei sangue, mesmo tendo medo de agulhas. E, cá entre nós, torço para que você consiga ser feliz. Que procure a ajuda que precisa e se torne alguém com quem valha a pena estar. Torço para que você tenha orgulho de si mesmo e que aprenda a conviver em sociedade, com respeito e compaixão.  Que realize aquele sonho antigo e conquiste seu lugar no mundo. E que consiga sobreviver sem mim do mesmo modo que eu sobrevivi sem você.
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Hoje a lua está linda, e eu não consegui me impedir de pensar em você. Então, por todas as vezes que você me fez sorrir, que cuidou de mim como ninguém mais sabia cuidar; por todos os momentos em que eu podia sentir uma pequena fagulha do amor que você dizia sentir por mim, mesmo que elas desaparecessem a cada briga; por todas as vezes que você foi tudo o que eu precisava, me ouvindo, me abraçando, ou simplesmente estando ali. Por todas as coisas boas que já tivemos, eu me permito escrever um último texto para você.

Você me fez muito mal, e ainda faz. Acabou comigo de um jeito que ninguém havia conseguido, e mesmo assim eu sinto falta da tua presença. Submerso em toda a raiva, nojo e repulsa que sinto, ainda acho espaço para sentir saudades. Não entenda mal, não sinto falta de todas as brigas, nem de tudo o que veio depois, mas sim daquela amizade que um dia tivemos. Você foi meu “quase-melhor-amigo”. Era pra você que eu queria ligar no fim do dia, você que me acalmava quando o mundo parecia demasiadamente pesado. Eu confiava total e inteiramente em ti, e acho que foi isso o que me magoou tanto. Mas dessa vez não quero escrever para te mostrar os estragos que suas decisões tiveram em minha vida. Há um ano, eu mandei você ir se ferrar, então acho que é hora de fazer diferente.

Assumo que sua amizade foi uma das melhores que já tive. Você me entende como ninguém mais consegue, e sabe exatamente o que dizer para resolver todos os meus dramas intermináveis. Nossas conversas nunca acabavam, e os assuntos sempre foram os mais loucos possíveis. Sinto falta de falar sobre a lua contigo, de discutir as mazelas da humanidade ou apenas falar sobre meu dia. Sinto falta daquela felicidade que, embora não esteja vinculada a você, eu já não tenho mais. Eu realmente te odeio, e mesmo assim consigo ter uma pontinha de saudade de tudo o que um dia tivemos. É loucura?

Quero que você seja feliz sabe? Que melhore a pessoa que você é, e pare de tentar ser alguém que não condiz com o que sei que existe em você. Quero que encontre uma garota que goste de ti, e que seja melhor para ela do que um dia foi para mim. Repense suas atitudes, mude suas posturas e pare de ser tão pessimista. Tente ser alguém de quem você se orgulharia.  Seja feliz. Não por mim ou por qualquer outra. Seja apenas feliz por você. Sonhe alto, e tente realizar todas as coisas que podem te fazer bem. Tenho certeza que você consegue. E não me procure, pois ainda estou me curando de toda a energia terrivelmente negativa que você trouxe para minha vida. Essas são as últimas palavras que me permito dedicar a você. A partir de agora, a minha história me pertence, e a ninguém mais.

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Writing Prompt são propostas de escrita com o objetivo de desbloquear o processo criativo, por meio de um tema 'aleatório'. Vou ser bem sincera com vocês e dizer que não tenho escrito por pura falta de criatividade, então talvez faça bastante writing prompts por aqui. Espero que gostem, e adoraria se me mandassem sugestões de temas sobre os quais eu possa escrever. Vocês nem imaginam o bem que me fazem com visualizações ou comentários carinhosos. Adoro vocês. Mas agora vamos ao tal texto maluco escrito por um bolo.

Mudanças
No inicio, havia apenas o mais belo nada. Era um dia como qualquer outro, o céu se tingia com as pálidas cores da manhã, os pássaros confidenciavam seus sentimentos à brisa suave, pessoas andavam por calçadas, alheias à qualquer coisa que não seus pensamentos. Em uma cozinha, escondida dos olhares menos atentos, a mágica estava prestes a ter seu início.
Aos poucos, sobre os cuidados de mãos grandes, embora delicadas, fui me formando. Alguns ovos, farinha, chocolate e baunilha. Fui me tornando algo a mais, algo com um cheiro consideravelmente bom, algo que se diferenciava do nada que antes havia naquele recipiente. O mágico me molda à sua vontade, adicionando ingredientes e fazendo misturas delicadas e precisas. Quando sou colocado de lado, sei que não poderia ser mais feliz. Amo minha textura, meus cheiros e sabores, as bolhas de ar que rompem minha superfície, meu formato indefinido, minha cor pálida como o céu de inverno. Tudo o que me torna quem sou, e que fico feliz em aceitar ser.
Então, em um inesperado golpe do destino, vejo meu mágico se aproximando de meu local de descanso. Ele me toma em suas mãos, e me vira em um novo recipiente. Um lugar frio, metálico, untado com manteiga e farinha, e que nada se parece com meu antigo e amado lar. Sou transportado para perto de um grande quadrado espelhado, que se abre e me engole.
E neste momento, tudo o que há é o calor. A temperatura alta em nada se parece com o agradável clima exterior, e a porta pela qual entrei se fecha lentamente. Aos poucos, tento me acostumar com o desconforto gerado pelo repentino aquecimento, e estou quase me sentindo confortável quando sinto algo estranho em meu interior. Sinto-me aquecendo, e perdendo minha textura tão amada e agradável. Minhas bolhas rompem minha superfície de modo doloroso, e me torno cada vez mais denso e assustado. O medo me consome plenamente. Tenho medo do que está acontecendo a mim, do que posso vir a me tornar. Eu estava tão confortável em minha antiga forma, por que o mágico tenta me mudar? Ora, se eu era tão belo com todos os meus detalhes amados, por que tenho de mudar? O calor é insuportável agora, meu corpo está mudando totalmente. Minha cor está mais escura, minha textura é densa e pesada, meus cheiros mudaram, e estou perdendo minha capacidade de adaptar meu formato ao recipiente que for colocado. Tudo está se transformando, e tenho medo do que me tornarei quando esse sofrimento acabar. E se me tornar algo que não gosto? E se nunca mais for feliz como era em minha antiga vida? Com certeza, não sou mais tão bonito e nem de perto tão especial, mas e se me tornar tão feio e comum, que nem eu mesmo serei capaz de amar-me?
Quando estou prestes a deixar as lágrimas rolarem, a porta se abre. Mãos enluvadas me salvam do calor, e me levam para uma bancada, onde lentamente sinto o calor se esvair de meu corpo. Estou quase em temperatura ambiente quando o mágico resolve aplicar-me mais transformações. Ele retira meu corpo da forma onde fui colocado anteriormente e me deixa completamente desprotegido em minha nudez involuntária. Ele me veste com cremes e coberturas de cheiro espetacular e decora-me com amor e paciência. Sou colocado sobre uma travessa bonita, e levado mais uma vez para o desconhecido. O mágico me deixa em um lugar bonito, onde posso ver pessoas de todas as formas, onde posso ver os pássaros que cantam para a brisa e as cores, agora vibrantes, do céu. Sei que há um espelho em minhas costas, mas tenho medo de olhar e descobrir no que me tornei.
Atrevo-me a olhar depois de muito tempo, quando a curiosidade já não pode ser abafada. Quão grande é minha surpresa quando, no lugar do que esperava ver, se reflete um bolo ainda mais belo do que eu era quando cru! Minhas coberturas se encaixam perfeitamente, minha textura é linda e sou exatamente o que sempre quis ser, mas nunca tive coragem de admitir. Percebo que todas as mudanças que tanto me assustaram, me tornaram ainda mais especial, e que foram necessárias para que eu pudesse me tornar melhor. Talvez, eu nunca tenha sido verdadeiramente feliz, até perceber que era incompleto e interminado. Agora, olhando para o reflexo de meu novo ‘eu’, posso compreender o quão importantes são as mudanças. Me assusta pensar que eu poderia ter passado toda minha vida imaginado ser feliz, quando tudo o que eu tinha era um enorme comodismo, que quase destruiu todas as minhas chances de ser completo e feliz.
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As boas mulheres da China - Vozes ocultas

Xinran
Ano:  2002
Páginas: 252 
ISBN: 
8535910743
Editora: Companhia de Bolso
Pontuação: ♥♥♥♥♥
Entre 1989 e 1997, a jornalista Xinran entrevistou mulheres de diferentes idades e condições sociais, a fim de compreender a condição feminina na China moderna. Seu programa de rádio, 'Palavras na brisa noturna,' discutia questões sobre as quais poucos ousavam falar, como vida íntima, violência familiar, opressão e homossexualidade. Xinran colheu inúmeros relatos de mulheres em que predomina a memória da humilhação e do abandono - estupros, casamentos forçados, desilusões amorosas, miséria e preconceito. São histórias como as de Hongxue, que descobriu o afeto ao ser acariciada não por mãos humanas, mas pelas patas de uma mosca; de Hua'er, violentada em nome da 'reeducação' promovida pela Revolução Cultural; da catadora de lixo que impôs a si mesma um ostracismo voluntário para não envergonhar o filho, um político bem-sucedido; ou ainda a de uma menina que perdeu a razão em conseqüência de uma humilhação intensa.

Sabendo do meu amor completo por jornalismo e feminismo, uma amiga me indicou e emprestou o livro (obrigada Mari!!). Devorei as páginas em um dia, e quando o último ponto final fez sua aparição eu sentia que precisava compartilhar essa narrativa com o máximo de pessoas possíveis. Primeiro, As boas mulheres da china é um livro ferozmente pesado. A delicadeza sutil que a autora usa em sua narrativa faz bem seu papel de amenizar a dor e o sofrimento que o livro traz em sua constituição. Mas a dor contida nos relatos de mulheres reais precisa – e é – sentida em cada palavra.

 Xinran, uma jornalista chinesa, apresentadora de um programa de rádio pioneiro em “assuntos femininos” vive em uma sociedade moldada por costumes patriarcais, que foi assolada pelas inúmeras revoltas e revoluções que ocorreram no país no contexto dos anos 60. A feminilidade começa a ser discutida, mesmo que todo o aspecto midiático sofra com forte censura do Partido. E é por meio de palavras na brisa noturna, que Xinran passa a se questionar sobre “o quanto vale uma mulher chinesa”.

Os relatos coletados pela jornalista durante anos se transformam, então, nessa obra forte, tal qual as mulheres que representa. São histórias de violência, humilhação, estupros, dores e feridas que não cicatrizam com o tempo.  Saber que cada capítulo é verdadeiro, que cada gota de sofrimento é real, dói de um modo inexplicável. Houve momentos em que tudo o que eu queria era largar o livro, por puro medo do efeito que teria sobre mim, mas não consegui me obrigar a abandonar Xinran e as mulheres que o mundo esqueceu. Dói sentir. Dói se identificar. Dói conhecer essas histórias e essas mulheres que por anos foram consideradas "mulheres más".

Acho que nunca seria capaz de traduzir tudo o que senti com esse livro, e nem me atreveria a tenta-lo. Portanto, apenas digo que é um livro pesado, com toda a delicadeza e força que só mulheres sabem ter. É uma leitura cheia de lágrimas, de apertos no coração, e de compreensão silenciosa. São histórias de mulheres que sofrem, que choram e que amam.
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Sumi.
Não por falta de tempo, 
ou ocupações do cotidiano;
Sumi por pura falta de ânimo.


Sumi,
Por uma tristeza chata que me impede de viver;
Por uma vontade incontrolável de não fazer nada;
Por culpa de uma melancolia mal controlada que tomou proporções assustadoras.

Sumi sim.
Sumi de mim mesma.
Perdi o rumo em alguma esquina,
e agora não encontro o caminho de volta pra mim.

Sumi.
Não por desejo próprio,
Mas por uma obrigação implícita no desejo perdido.

SUMI!
Em letras bem grandes!
Num grito ausente de som,
Expresso em linhas sem sentindo.

Andei sumida...
Andei doída...
Andei perdida...
Andei por aí,

Sumida no meio de tanto sentimento mal cuidado.
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Quem é essa garota que você encontrou para assumir um lugar que já me pertenceu? Quem é essa que te olha com carinho quando você se distrai? Quem é que, tão logo eu parti, apareceu para arrumar a bagunça que deixei? Afinal, por que me sinto assim? Eu não te amo, é verdade, mas realmente gosto de você. Afinal, se não gostasse por que teria aguentado o relacionamento defeituoso que mantínhamos? E doeu ver que você conseguiu me esquecer assim, tão fácil. O que eu sou para você, se comparada com ela? Sou âmbar, enquanto ela é ouro puro. Ela te faz feliz, enquanto tudo o que eu fazia era ser uma ambição fria e distante. E ela é bonita. Odeio admitir, mas vocês formam um casal incrível.

Eu sei, eu te deixei. Eu dei a palavra final. Eu sou a culpada por nosso fim. Eu quebrei seu coração quando vi que você não podia concertar o meu. Não devia – e talvez não tenha nem mesmo o direito – de sentir inveja dos beijos que ela te dá agora. Mas não me importo. Te ver com ela acabou comigo.
 
Meus amigos dizem que me assustei com a rapidez com a qual você deu a volta por cima, mas eu sei a verdade. Eu estou medindo tudo o que perdi quando disse adeus. Perdi quem entendia minhas neuras e sabia lidar com minhas crises. Perdi quem me abraçava quando eu precisava de carinho, quem sorria das mínimas coisas que eu escondia em meus detalhes, que brigava comigo toda semana. Perdi um amigo e um confidente, embora não um grande amor. Perdi nossas brincadeiras, nossa sincronia, nossos olhares afiados. Perdi a pessoa que conversava comigo pelas madrugadas, que dividia seus anseios, que me contava histórias. Que me ligava quando eu ia pra casa. Perdi, e só agora realmente percebi que não vou ter de volta. 

E o mundo sabe o quanto eu estou tentando ficar feliz por você. Você merece os sorrisos, os beijos apaixonados, as mãos dadas ao caminhar. Você merece mesmo. Não é uma má pessoa, só foi uma má pessoa ao meu lado. Tínhamos ritmos muito divergentes, e agora você achou sua batida perfeita.  Então vá ser feliz. Eu e meu coração vamos ficar bem.
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Um dia, decidiram me odiar.
Sem motivos, explicações ou razões concretas.
Era pequena, sensível, frágil e imperfeita
Nunca foi um grande desafio me hostilizar pelos corredores.

E então me odiaram
Me chamaram de nomes cruéis,
Gritaram por aí que eu não valia nada
E que só podia ser louca por gostar de ser eu.

Com o tempo, eu aprendi a me odiar também.
Odiava o tudo;
Odiava o nada;
Odiava ter que morar dentro de mim.

Felicidade se tornou um desejo distante.
Constantemente presa na tentativa de explicar o inexplicável,
Afinal, suas palavras não poderiam ser sem motivo algum.
Então a culpa aprendeu a dividir espaço com o vazio dentro mim.

Mas o tempo, fluído, não demorou a passar.

Um dia eu finalmente consegui entender.
Não foi algo que eu fiz ou disse.
Foi pelo prazer doente de ser cruel.
Foi pela infelicidade com a própria existência.

Hoje, voltei a me amar.
Fiz as pazes com meus defeitos e decidi,
De uma vez por todas,
Ser feliz com meu eu.

Agora torço para que você ache um meio o ser feliz também.
Que pare de plantar essa negatividade opressora,
E compreenda o peso que suas palavras podem ter
Assim, quem sabe um dia você pare de distribuir essa ódio sem sentido por aí.



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Talvez você esteja em casa, assistindo alguma série sobre psicopatas na netflix, sentindo-se tão só quanto eu me sinto. Talvez, você esteja em uma festa, sorrindo e esquecendo-se por um momento do vazio em seu peito que, em algumas noites solitárias, parece ter um peso esmagador. Talvez, você esteja estudando para uma prova de matemática, fazendo panquecas, ouvindo alguma banda dos anos 90, pesquisando sobre a extinção dos tigres dente de sabre. Talvez, talvez, talvez. Talvez você exista, talvez nos esbarremos por aí, talvez encontremos um no outro a peça que falta em nosso quebra cabeça defeituoso. Ou talvez você seja apenas fruto da esperança de uma garota estranha, que por motivos também estranhos não seja tão boa com relacionamentos. Esse é o problema não é? O talvez. A inebriante falta de certeza que nos cerca e nos deixa assim. Desnorteados, apegando-se à esperança fútil de um amor inventado.

Mas, meu querido talvez, eu não sou capaz de abandonar-te. Não sou capaz de encarar a realidade completamente e perceber o quão patética sou por ansiar por alguém como ti. Você é meu porto seguro nas piores noites, com quem eu sonho quando a vida se transforma em um pesadelo, minha doce ilusão. Não tem nome, endereço e não se parece com ninguém. Um sopro de esperança que não me permite abandonar minha fé no amor. Isso é você. Um amor inexistente, incoerente e impossível, mas que não me deixa desistir completamente.

Talvez você esteja em mim, seja a parte da minha personalidade que, por mais dura que seja a queda, por mais infeccionado que esteja o ferimento, quer ficar e lutar por dias melhores. Talvez, algo dentro de mim esteja quebrado, e você seja o pedaço que falta para consertar tudo. A minha super cola. O que sei é que pensar que há alguém, em algum lugar, que se sinta tão deslocado quanto eu me sinto, não me deixa entrar em colapso. Pra mim, você é uma ideia boa. Um personagem de uma história ainda não contada. Um bote salva vidas em que posso me agarrar a hora que quiser, sem o risco de estragar tudo. Talvez você não exista, talvez eu seja louca por imaginar-te, mas sem isso, sem essa pequena e louca parcela de esperança, eu jamais poderia escrever sobre o amor.
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E quem nunca disse "eu te amo", quando o que realmente sentia não passava de um "eu te gosto"? O amor tem se tornado algo tão banal quanto dizer bom dia. Todos dizem, para todas as ocasiões e se esquecendo do real significado da expressão. Embora não seja mais de conhecimento público, amar não é o mesmo que estar apaixonado. Paixão é aquele sentimento forte, avassalador e momentâneo que experimentamos incontáveis vezes durante a vida. Amor é calmo, chega de mansinho e nos captura, muda nosso modo de ver a vida e nos prende para sempre. Poucos são os sortudos que realmente são inundados pelo amor nesta sociedade cada vez mais fria e banal.

Basta abrirmos qualquer rede social, para sermos expostos a juras de amor eterno que não duram mais que algumas semanas, e que são esquecidas assim que outro "príncipe encantado" surge nas esquinas da vida. Casamentos são desfeitos, relacionamentos esquecidos e lágrimas arquivadas. Amores reais são jogados de lado por meras aventuras momentâneas, e todos parecem se esquecer dos sonhos construídos em conjundo, dos juramentos sob a luz das estrelas, das borboletas no estômago e da paz que se alcança ao ter quem amamos ao nosso lado. Ninguém mais preserva a integridade do amor. Dizemos eu te amo para o namorado, para o rolo de fim de semana, o bonitinho da academia, o padeiro que faz aqueles bolinhos deliciosos da padaria da esquina. Dizemos tanto, que esquecemos de realmente amar.

Quantas amigas já não vieram até mim após terminar um relacionamento de anos, meses ou até dias, com a mesma ladainha de "ele era o homem da minha vida"? Quantas não reclamaram que, mesmo gritando aos sete ventos o amor que sentiam, deixaram a chama do amor -que nesse caso se chama paixão- se apagar? Quantas vezes não ouvi o discurso de que, embora diga para minha amiga que a ama incondicionalmente, o tal fulaninho da vez não prova seu "amor" com reais atitudes? E minha resposta é sempre a mesma. Entre potes e potes de sorvete, choros intermináveis e algumas raras risadas, provo por A mais B o que já era óbvio. Você nunca amou esse cara. Então, aceite que acabou a paixão, e parta para outra. Entenda que amor não dá em árvore, e que não é qualquer carinha com olhos brilhantes e sorriso sedutor que vai conquistar, não suas palavras, mas seu sentimento.

Dizer que ama é fácil. Difícil mesmo é conviver com alguém nos piores dias, lidar com dramas que não te pertencem e ainda assim querer ficar junto.
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Eu já fui só mais uma boba apaixonada, esquecendo-me de mim ao pensar em um alguém que não se importava com minha felicidade. Já condicionei meus sorrisos aos sorrisos de um par de olhos castanhos chocolate. Já deixei meus sonhos de lado para ajudar a construir os de um cara que pensei ser minha alma gêmea. Já amei por dois, vivi por dois, desejei por dois. Já quis mudar meu ser para me sentir amada. Já mudei de cor de cabelo, estilo de roupa, gosto musical. Tudo isso para que um garoto com o sorriso brilhante gostasse de mim. Já fiz muita bobeira nessa vida. Já escolhi a felicidade de quem pensei amar antes da minha. Mas agora, declaro estado total de mudança. A partir de hoje, eu escolho a mim.

Vou sonhar o mais alto possível e lutar para realizar tudo o que quiser. Vou rir de mim mesma, amar quem sou e viver uma vida que valha a pena. Vou ser louca, boba, desastrada. Vou ser tudo o que sou, sem tirar nem por. Vou me permitir admirar o azul do céu, o colorido das borboletas do jardim do bairro, o calor do sol em minha pele. Vou dançar na chuva sem me preocupar com a chapinha. Vou comprar o maior sanduíche, sem medo de pensarem que não sou uma dama. Não sou. Na verdade nunca fui. Vou cortar o cabelo como eu gosto, passar meu melhor batom vermelho, colocar meu vestido favorito e sair para me divertir. Tenho amigos que me amam por quem sou, então por que precisaria que alguém me amasse por quem finjo ser?

Vou comprar lápis de cor e entrar em um curso de desenho. Vou aprender a falar francês, italiano e talvez até alemão. Vou planejar mil viagens sem saber se um dia vou conseguir fazê-las. Vou treinar escalada, comprar uma bicicleta e correr uma maratona. Vou perder o nojo e finalmente experimentar sushi. Vou trabalhar como voluntária, adotar um gatinho e conversar com estranhos na rua. Vou entrar em um ônibus sem saber pra onde ele vai, me perder e me encontrar. Vou mirar na lua, quem sabe eu não acerto uma estrela?

Tenho tantos sonhos empoeirados dentro do armário, privados da superfície, que me assusta pensar em porque os coloquei lá. Chego a ter uma leve vergonha de perceber que até hoje deixei minha vida ser moldada por pessoas que não se preocupavam verdadeiramente comigo. Por anos fui nada mais que uma bonequinha. Deixei que brincassem comigo. Que me vestissem, que dissessem do que deveria gostar ou o que deveria dizer. Me dizerem quem deveria ser. Mas um dia eu acordei e percebi como estava sendo estúpida. Eu vou viver. Sem medo de ser feliz. E pra quem não gostar, bem, Que se dane!


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Já quis sumir, desaparecer, me desfazer,
Mas nunca quis deixar de ser eu.

Já fui calma, límpida, permissível,
Já fui mais amor do que devia ser.
Já vivi um dia de cada vez,
e contei os segundos para alvorecer;

Já fui 8 ou 80,
Ódio ou amor,
Ou esfria ou esquenta;

Já fui bailarina, veterinária e detetive.
Já sonhei em vencer dragões, salvar reinos e beijar príncipes encantados.
Já quis muito, e depois já não queria mais.
Já sorri, chorei e vivi.

Hoje, ando sendo eu
Um eu que gosto bastante de ser.

Que é água, terra e magma fervente,
Com sol, lua e pó de uma estrela distante
Feita de constelações dentro de um olhar simplório.

Posso ser leve garoa que se transforma em furacão,
Impossível de se conter ou adorável de se ver
Sou altos, baixos, sim e não.
Continuidade regada a mudanças.

Sou passarinho preso,
Que sonha em voar.
Sou desejo de liberdade,
Que se traduz em linhas borradas.

Sou neta preocupada, filha querida, irmã cuidadosa.
Sou melhor amiga, confidente e conselheira.
Sou Anna, Clarinha, Anninha, Cacala ...
Sou vida que quer ser vivida.

Sou positividade escrita,
Apaixonada por dias cinzentos e chuvas de verão
Contadora de histórias que sonha em mudar o mundo
um tiquinho de cada vez.

E amanhã?
Ai posso ser outro ser
Tudo o que quero, é poder me orgulhar de bater no peito e dizer
Que nunca deixaria de ser
Eu.






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Olho para o espelho e vejo a garota frágil, com os olhos inchados e a expressão cansada de quem não consegue ver a luz na escuridão que a vida tomou. Sofro quando percebo que toda a esperança, os sonhos, a vontade, ao luz que antes brilhava no fundo dos meus olhos se foram, deixando para traz apenas o fantasma de uma vida a muito levada. Você me abriu, me desmontou e esqueceu-se de arrumar os pedaços. E hoje, eu tenho nojo da pessoa em que você me transformou.

Um dia eu fui feliz. Eu amei quem era, amei meu corpo, amei minha realidade. Um dia eu tinha todas as escolhas na palma de minha mão, e podia me orgulhar de fazê-las. Um dia eu fui a dona de minhas decisões, meu não significava não e meu sim significava sim. Um dia eu fui respeitada, amada e cuidada. Não havia quem diminuísse minhas palavras, que arruinasse meu ser. Um dia, eu não tinha vergonha de olhar para o passado. Não me culpava por não ter gritado alto o suficiente, por não ter lutado mais bravamente. Um dia eu ainda era uma criança inocente, esperando o amor me bater à porta. E me achava digna de tal sentimento.

Então você veio. Ignorou meus olhos e olhou para meu corpo. Fez pouco de minha inteligência e me mostrou como estava errada de todas as formas. O grande amor que eu tanto esperava não significava absolutamente nada para você. Minha ingenuidade te trouxe o mais negro dos desejos, e tomado por ele você quis ser quem acabaria com a inocência que brilhava em meu eu. Aos poucos, você foi abalando minhas certezas, me fazendo duvidar do que sentia, do que escolhia. Exagerada, louca, burra, feia. Jogou minha autoestima para os cães e eu acreditei que tudo o que você fazia era mais do que merecido. Até o dia em que você tentou me fazer duvidar da veracidade do meu não. Quando me roubou as escolhas, tapou os ouvidos para minhas negativas e se fez de desentendido para minhas súplicas. Destruiu-me em pouco tempo, e nada sobrou da princesa que antes era motivo de orgulho.

E eu fui obrigada a me reconstruir. Sob uma dura camada de culpa eu juntei os cacos espalhados pelo concreto. E você, quando viu que a inocência havia se perdido em meu olhar, se foi. Sem nem ao menos se despedir. Em seu lugar, apenas a dor e culpa me fizeram companhia. Devia ter sido mais dura em meu não. Devia ter gritado mais, esperneado mais, lutado mais. Devia ter feito alguma coisa. Eu devia ser menos fácil. Afinal, mesmo negando, era o que eu realmente queria, você disse.

Agora, sobrou o nojo. De quem sou. Do que deixei acontecer. Da sujeira que me atormenta. De mim. De você. Do passado. Sobrou também o medo. De que aconteça de novo. De que eu nunca seja capaz de me perdoar. De que alguém descubra. Do que dirão de mim. Da decepção, do ódio, dos dedos apontados. Para mim, a vida se divide em antes, e depois de você.

Hoje você está com uma nova garota. Uma nova coitada que você diz amar. Você vai contar a ela o que fez comigo? Ou vai esconder-se acreditando que o que fez não passa de coisa de adolescente? Mas pra mim, não foi uma brincadeira boba. Pra mim, destruiu o futuro brilhante que sonhei. Me encheu de medos, traumas, dores psíquicas. Pra mim, foi o fim da história.

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Oiê!! Vim apresentar um projeto lindo para vocês. A Iasmim, do blog Ela só quer viajar, me convidou para o Projeto/Desafio Literário 16 on 16. O Desafio consiste em todo dia 16, de todos os meses, todas as 16 moças postarem algo com o mesmo tema. Vale foto, texto, música, poema, desenhos... Tudo! O objetivo é encher essa internet de conteúdos bons, para podermos passar o tempo com um pouco de cultura, e apresentar blogs e pessoas novas. Eu já conheço as meninas, e juro que todas são super fofas e talentosas!
O primeiro post vai ao ar dia 16 de janeiro, não percam!
Você pode conhecer o cantinho das meninas nos links abaixo:
1. Alice Gonçalves | Míopes Anônimos  ;  2. Ana Carolina | Um livro e nada mais  ;  3. Catarina Gomes | Cenas Duma Rapariga Complicada  ;  4. Deby Couto | Simples Gestos  ;  5. Eva Evangelista | Eva Evangelista  ; 6. Graziela | Dieta e Cultura  ;  7. Iasmim Santos | Ela só quer viajar  ;  8. Ingrid Valéria | Ela sabe das coisas  ;  9. Isa Roth | Mais Uma Normal  ;  8. Jayne Adrielle | Arquivada  ;  10. Júlia Danigno | Brisa Literária  ;  11. Júlia Rios | Mente Literária  ;  12. Luísa Fernanda | Estante da Lulu  ;  13. Michelle Moura | Michelle Moura  ;   14. Stephanie Almeida | Doce Conceito  ;  15. Vitória Bruscato | Cheiro de Pipoca

Um grande beijo, e até o próximo post!

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Há algum tempo, eu não queria imaginar minha vida sem nossas brigas. Se ser infeliz era o preço a pagar por estar ao seu lado eu pagaria com tudo o que tinha. Seriamos infelizes juntos, mergulhados em uma falsa felicidade por continuarmos tentando. Daria certo por anos, e por muito tempo eu me apeguei à esperança de que, um dia, nossa infeliz relação se tornaria a mais feliz de todas. Apenas por termos tentado. Afinal, eu te amo não é?

O problema é que eu me amo ainda mais. Então eu fui embora. Abandonei aquele nós defeituoso e investi em um eu que por muito tempo ficou em segundo plano. E poxa, eu me senti tão melhor! Segui em frente e voei para longe de tudo o que me prendia a você. Fiz as pazes com o que via no espelho, sorri para estranhos na rua, conheci coisas novas. Vivi. Sem você.

Então, por que me sinto tão estranha ao saber que você fez o mesmo? Que achou um outro alguém? Não me entenda mal, eu não quero você de volta nem em um milhão de anos. Gosto de ser feliz mais do que gosto de você. Mas assumo que meu coração ficou um pouquinho apertado quando vi como sua nova garota é bonita, e como vocês parecem felizes juntos. Pela primeira vez desde que me fui, senti sua falta. Não de estar ao seu lado, mas de ser sua amiga. De conversar sobre futilidades, de sentir o seu olhar sobre mim, de segurar sua mão nas aulas. Do que fomos um dia. Da sua amizade, dos seus conselhos ruins, das suas brincadeiras bobas. Senti falta do melhor de você. Por que, por mais que as coisas tenham desandado muito como tempo, houve um tempo em que eu era feliz com você. Pena que durou tão pouco.

Então, como amiga eu venho lhe pedir, cuide melhor dela do que cuidou de mim. Não seja o idiota infantil que foi comigo. Não cometa os erros que cometeu no passado. Seja feliz. Você merece e sabe disso. E eu, fico feliz por você. 

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Aspirante a escritora, apaixonada por livros e sonhadora profissional.

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